Le Bal Masqué

Masquerade! Every face a different shade...

Friday, October 27, 2006

Pequena Miss Sunshine


Nem lembro quando foi a última vez que saí tão empolgada do cinema. “Pequena Miss Sunshine” é um achado.
A história gira ao redor de Olive, uma garotinha de sorriso fácil e óculos old fashioned que sonha em participar do concurso de miss que dá nome ao filme. Sua família, então, resolve cruzar os Estados Unidos numa Kombi caindo aos pedaços para levá-la até o local da competição.
Caindo aos pedaços também estão as vidas dos passageiros do velho automóvel e o relacionamento entre eles. O pai fracassado (o ótimo Greg Kinnear) tenta ganhar dinheiro como guru motivacional. A mãe infeliz (Toni Collette) é uma fumante compulsiva. O irmão adolescente decidiu fazer voto de silêncio. O avô tarado é viciado em heroína. E o tio gay é um suicida em potencial.
Juntos, eles formam o antimodelo da família americana e, ao mesmo tempo, são vítimas típicas de uma sociedade que valoriza tanto a cultura "winner x loser".
E é essa característica tão ianque que vira alvo da crítica bem-humorada do roteirista estreante Michael Arndt, cujos dardos também vão em direção à “adultização” infantil, estimulada por bizarros concursos de beleza mirim.
“Pequena Miss Sunshine” é fruto do cinema independente norte-americano que, pelo descompromisso com grandes orçamentos e bilheterias astronômicas, costuma render produções autorais que aliam inteligência com entretenimento.
E o público, na propaganda boca-a-boca ou blog-a-blog, faz dessas produções sucessos mais lucrativos do que muito blockbuster.
“Pequena Miss Sunshine” já gerou sete vezes mais dinheiro do que custou. É, definitivamente, um filme vencedor.

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Saturday, October 21, 2006

Pacote Exotique

A menina olhou o verso do cartão-postal: “Learn Spanish in Paradise”, anunciava. E voltou novamente a mirar a fotografia, o pôr-do-sol que contornava as ruínas arqueológicas de Monte Albán.
Estava decidido o destino de suas férias.
Embarcou num vôo Nova York – Cidade do México. Olhando pela janela do avião, pensou como seria difícil para uma garota mexicana, de idade equivalente e igualmente sozinha, fazer o caminho inverso. A quilometragem era a mesma, mas a distância, tão maior...
Chegando ao paraíso, cujo nome era Oaxaca de Juarez, a menina ficou alucinada com a profusão de cores, sabores e sons. Quando já arriscava algo além de “buenas noches”, saiu para dançar a cumbia.
Experimentava, em meio a caretas, goles de mezcal, quando um indiozinho oaxaqueño lhe chamou para ser seu par.
Ao som da sanfona, bailaram até o amanhecer. As pupilas escuras dele nadaram no azul-piscina dos olhos dela. A pele bronzeada tocou suas sardas. E os fios negros lustrosos se confundiram com seus cachos loiros.
Durante o resto do verão, se encontraram diariamente no zócalo. O indiozinho contou que fazia violinos e era descendente dos zapotecas. A menina falou da vida em Manhattan e dos seus sonhos secretos. No coreto da praça, trocaram juras adolescentes.
Quando setembro chegou, a menina voltou para a outra América. Durante todo o outono, o indiozinho tentou inutilmente cruzar a fronteira. A quilometragem era a mesma, mas a distância, tão maior...

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Thursday, October 19, 2006

Ausência

Não sei se alguém ainda entra aqui, depois de tantos dias sem novidades. Mas senti necessidade de explicar a minha ausência.
Uma viagem e a sobrecarga no trabalho acabaram resultando nesse abandono temporário do Le Bal. Mas, para aqueles que não desistiram e ainda espiam aqui, mando um recado: o baile não acabou e logo logo estará cheio de vida, cores e palavras novamente. Estou cheia de idéias e ansiosa para colocá-las no papel. Aguardem.

Thursday, October 05, 2006

Na Vitrola (ou No iPod -- se eu tivesse um)

12 Segundos de Oscuridad
(Jorge Drexler)

Gira el haz de luz
para que se vea desde alta mar.
Yo buscaba el rumbo de regreso
sin quererlo encontrar.

Pie detrás de pie
iba tras el pulso de claridad
la noche cerrada, apenas se abría,
se volvía a cerrar.

Un faro quieto nada sería
guía, mientras no deje de girar
no es la luz lo que importa en verdad
son los 12 segundos de oscuridad.

PS. Post dedicado ao J., que me apresentou esse uruguaio e me apresentará o Uruguai.

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Tuesday, October 03, 2006

Leia se for mulher

Eu não gosto da “Veja”. Tampouco de livros de auto-ajuda. Mas li nas páginas amarelas da revista uma entrevista com Greg Behrendt, escritor americano do gênero, que me pôs a pensar.
Greg foi consultor sobre comportamento masculino para o seriado “Sex and the City” e é autor do best-seller “Ele Simplesmente Não Está a Fim de Você”, que se propõe a esclarecer para as fêmeas o modo de agir e pensar dos machos.
Minha primeira reação a esse tipo de manual-oráculo da conduta amorosa é achar tudo muito generalizado e típico pega-leitora de “Nova”.
Recentemente, porém, ouvi de uma amiga o seguinte comentário: “É difícil admitir que fazemos parte das estatísticas”.
Realmente. Quem disse que eu, você ou a fulana somos diferentes do estereótipo de moça solteira, independente e moderna do século 21? Quem prova que os caras com quem nos relacionamos fogem do padrão geral que existe por aí?
E, foi assim, aberta ao fato de que sou uma dessas mulheres às quais Greg fala, que li as seguintes constatações dele:

- As mulheres não aceitam o fim de uma relação. Encontram as desculpas mais mirabolantes para acreditar que o cara vai voltar pra elas. Não entendem que o contato que eles gostam de manter é apenas para aliviar a culpa por terem terminado a relação.
- Os homens são mais simples do que as mulheres imaginam. Para eles, só existem duas possibilidades: ou estão interessados na mulher e investem em sua conquista e na manutenção do namoro ou simplesmente não estão a fim dela. Só que nunca têm coragem de admitir essa falta de interesse. O que eles mais temem é ver uma mulher chorando ou fazendo escândalo na sua frente. É por isso que somem depois do primeiro encontro sem dar satisfação.
- Não há trauma ou trabalho em excesso que impeça um homem de assumir um relacionamento sério com uma mulher. Se ele realmente está interessado nela, não vai querer perdê-la.
- Se a mulher quer só diversão e sexo casual, não há problema em telefonar para o homem e convidá-lo para um encontro. A maioria deles adora esse tipo de convite. Mas isso não significa que o sujeito esteja a fim de namorá-la. Quem está interessada num relacionamento mais sério é melhor esperar que o telefonema parta dele, por mais que isso pareça machismo. Porque, se o homem realmente estiver interessado na mulher, ele vai ligar. Se tiver perdido o número de telefone, dará um jeito de descobri-lo.
- O maior problema hoje em dia é que elas estão disponíveis demais. Está muito fácil levar uma mulher para a cama, não existe o desafio da conquista. E, se fica muito fácil, perde a graça. O que instiga o homem é o mistério, o poder de sedução, a batalha e o prazer da vitória.

Não são revelações bombásticas. Nada que toda garota, no fundo, não saiba. Basta não esquecer na hora em que escuta um elogio ao pé do ouvido ou quando AQUELE gato passa perigosamente por perto.

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