Le Bal Masqué

Masquerade! Every face a different shade...

Friday, April 27, 2007

Manifesto Contra os Fumantes Sem Modos

Não fumo. Nunca fumei. Confesso que não sei nem tragar.
Percebi que cigarro não era a minha aos 15 anos, quando, na casa de uma amiga, fui acender um no fogão e queimei a franja. Mas, como jornalista, freqüentadora de botecos e baladas, convivo bem com a fumaça e o cheiro do tabaco. Nunca reclamo. Deixo os amigos fumarem no meu carro (com os vidros abertos) e em casa (perto da janela).
O que eu não suporto – e daí vem o meu protesto – é fumante (e não-fumante também) sem educação. Se você gosta de dar suas tragadinhas, saiba, por favor, respeitar algumas boas maneiras para não incomodar – e principalmente – não causar danos maiores às pessoas ao seu redor.
Falo isso porque esta semana ia toda feliz dirigindo pela Av. dos Bandeirantes. Era 19h e consegui engatar a quarta, fato raro para o horário do rush em São Paulo. Estava com os vidros abertos e ia a uns 60km/h, quando um ASNO que vinha na mão contrária resolveu se livrar da sua bituca de Mallboro com um peteleco.
O pedaço de cigarro voou longe com força, atravessou o largo canteiro da avenida e veio parar justamente no meu colo, não sem antes bater na janela do carro para que as brasas se espalhassem não apenas pela minha calça risca-de-giz, como também pelas minhas mãos e costas.
Tirando o susto, o medo de me queimar e o pânico de um incêndio no meu Corsinha alienado, eu ainda tive de suportar o cheio de cinzeiro sujo que ficou dentro do carro.
Amaldiçoei esse fumante mal-educado, inconseqüente e com a mira involuntariamente (quero crer!) perfeita. E fiquei imaginando se as brasas tivessem caído no banco sem que eu visse ou perto de algo inflamável (ex. gasolina). Pior, se houvesse pegado no meu olho ou em uma criança?
Deixo aqui, então, meu manifesto. Se você quer fumar, o problema é seu. Mas, por favor, aprenda a segurar o cigarro de modo a evitar que a fumaça incomode o vizinho da mesa ao lado, ou a ponta queime alguém na pista de dança. E, principalmente, apague suas bitucas em cinzeiros e NÃO use de petelecos para se livrar dela. E tenho dito.
Bom feriado a todos.

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Tuesday, April 24, 2007

Ritinha e Zelito

Quando se viu às 21h16 de um sábado assistindo novela com sua mãe no sofá, Ritinha percebeu que havia algo de muito, muito errado em sua vida.
Aos 27 anos, solteira, sem namorado havia um bom par de anos, ela mal recordava o que era andar de mãos dadas pela rua, passar um fim de semana romântico nas montanhas ou dividir a pipoca no cinema.
De repente, entre a cena da Regina Duarte chorando e a da Ana Paula Arósio rindo, Rita levantou-se num pulo e resolveu tomar uma providência: acharia companhia para aquela noite e para todas as próximas! Não ficaria mais um fim de semana mofando em casa, fazendo Sudoku ou lendo Danielle Steel. Nunca mais! E, acima de tudo, não saberia sequer o nome do Tony Ramos na próxima trama das oito.
Correu abrir a velha caderneta de telefones – sim, ela ainda mantinha uma agendinha com os números anotados à mão, tinha medo dessas tecnologias que dão acesso a tudo e, de uma hora pra outra, deixam sem acesso a nada.
Começou a reconhecer nomes de velhos amigos, antigas paixões, ex-namorados, contatos que foi perdendo com tempo. Resolveu se ater aos homens da sua vida, quem sabe um amor do passado não seria uma opção pro futuro?
Na letra A, encontrou Alfredo Orlando, o gato do 3º D que a fazia suspirar pelos corredores do liceu – pelo que se tem notícia, hoje é médico famoso... e gay notório.
Mais à frente, achou Ernesto Pedro, o bad boy do bairro, que, segundo a vizinha do 418, se tornou missionário evangélico em Rondônia.
Logo em seguida, veio Juan Pablo, o latin lover que atualmente faz fortuna com petróleo no Oriente Médio.
Perto do final, achou Ricardo Lúcio. Desse aí era melhor nem saber o paradeiro...
Estava quase fechando o caderninho quando viu o nome de Zelito. Demorou uns bons minutos para lembrar do garoto tímido que lhe mandava fitinhas com canções do Fábio Jr..
Ela, que esteve sempre ocupada com Alfredo Orlando, Ernesto Pedro, Juan Pablo ou Ricardo Lúcio, nunca havia escutado as gravações.
Tirou o telefone do gancho e discou.
Descobriu que Zelito não tinha se convertido à era do CD. Como ela, ainda preferia as cadernetas, as K7 e os namoros à moda antiga.

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Monday, April 16, 2007

Um Ano de Le Bal Masqué

Semana passada, o Le Bal Masqué completou um ano. Gostaria de ter postado um texto na data, mas como caiu em meio a um feriado seguido de uma semana corrida, a "comemoração" ficou um pouco atrasada. Mesmo assim, gostaria de assoprar as velinhas e fazer um discurso (rsrsrs, adoro emotional speeches -- o André, inclusive, já prometeu um pro dia do meu casamento!)
A idéia de ter um blog surgiu por dois motivos. Primeiro, porque eu havia deixado de trabalhar como repórter e não queria parar de escrever. Segundo, porque havia rascunhado meia dúzia de divagações que tinha vontade de compartilhar, mas não possuia espaço pra isso.
Nunca imaginei que o Le Bal, esse blog com nome pedante (concordo com quem falou isso) e atualizado de maneira capenga, fosse se transformar em algo bem maior do que um canto para as minhas mal digitadas linhas.
O Baile me aproximou de conhecidos que se tornaram pessoas muito especiais no decorrer desses 12 meses, viraram confidentes, cúmplices e, principalmente, amigos mais próximos (alô Paulo, Ferdi, Rodrigo...). Também me apresentou outros blogueiros, gente que pensa e que faz (valeu Vivi, Don Rodrigone, Andréa...)
E, acima de tudo, esse blog fez bem para a minha auto-estima e confiança. Afinal, foram tantos elogios... É muito bom ter um feedback positivo para um projeto 100% made by M., da idéia ao ponto final.
E como o Le Bal está distante do seu derradeiro ponto final, agradeço aos poucos, porém gabaritados visitantes, e prometo mais quantidade -- e qualidade, claro -- para os anos vindouros!

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Tuesday, April 03, 2007

Reticências

- Oi...
- Meu Deus...você!
- Sim...te avistei da outra calçada... resolvi checar se lembrava....
- Me lembro, claro.... Mas faz tanto tempo! Como está?
- Levando. E você?
- Tudo indo. Nossa...mas quanto tempo!
- Sim, muito tempo mesmo...
- Uns 10 anos?
- 12 e meio...
- Sério, tanto assim?
- É...
- ...
- Sabe...Eu nunca te esqueci...
- Eu sempre me perguntei o que tinha sido feito de você...
- Casou? Tem filhos?
- Não, não...você?
- Também não...
- O que tem feito?
- Ah, você sabe, um bico aqui, outro ali...
- Sei...
- Da última vez que nos vimos, você foi tão fria...
- Fui? Não lembro...
- Eu lembro... Preciso te pedir perdão.
- ...
- Por aquele dia da chuva, lembra?
- Lembro...
- Eu te deixei lá, uma menina ainda, sozinha, chorando, no meio da rua... Não percebia o quanto...
- Esquece, te perdoei há muito tempo.
- Você continua linda...
- Obrigada...
- E doce...
- Olha, preciso ir...
- Claro...como faço pra te encontrar?
- Estou de passagem pela cidade...moro fora...
- Mas...
- Tenho de correr....se cuida....Adeus...
- ...

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