Vovó Alzira
Durante um
bom período da minha infância, eu tive três avós. A mãe da minha mãe, a mãe do
meu pai, e a vovó Alzira.
A vovó
Alzira era a dona da pré-escola que eu frequentava. Era uma escolinha especial,
com uma área enorme, parecia um sítio. Havia muito verde, coelhinhos, galinhas d’angola
e outros animais. Tinha um escorregador gigante de madeira no parquinho. Diante
da minha estatura de criança, parecia ter quilômetros, mas talvez fossem só 50 metros.
E tinha morros
para subir e se sujar de terra e tinha as bananeiras para brincar de esconde-esconde.
Essas bananeiras contam história! Mas fica para depois, porque agora vou falar sobre
a Vovó Alzira.
Ela não dava
aulas, mas distribuía carinho. Abraçava a gente quando chegávamos no portão e nos
beijava na hora de ir embora. Nos acalmava quando estávamos chorando e cuidava
da gente quando ficávamos doentes. Seu QG era um lindo chalé de madeira, estilo
suiço, com aqueles tetos inclinados que vão até perto do chão. Ficava ao lado
da casa de bonecas.
Vovó Alzira
já era vovó quando eu tinha cinco anos. Na semana passada, pensei nela. Fiz
mentalmente as contas de com quantos anos deveria estar: 90, imaginei.
Três dias
depois, minha mãe me ligou. Vovó Alzira finalmente tinha ido se encontrar com as minhas vovós Nize e Ninha, onde quer que pessoas boas vão quando partem deste mundo.
Tinha 94
anos e deixou, além de mim, outras centenas de netos.
Labels: infância, nostalgia, sentimentos