Le Bal Masqué

Masquerade! Every face a different shade...

Tuesday, July 25, 2006

Doutor Jivago


Conhece alguma Lara?
Quem foi batizada com esse nome, provavelmente, é filha de um fã de “Doutor Jivago” (1965) e, por conseqüência, da famosa “Tema de Lara”, canção original do filme.
Assinado pelo inglês David Lean, que dirigiu algumas das maiores produções da era de ouro do cinema americano, o longa-metragem é “old time Hollywood”, um clássico no estilo “E o Vento Levou...”, mas muito mais legal (confesso que acho a Scarlett O´Hara bem chatinha).
Como nos clássicos, há um herói. Mas esse é poeta! Yuri Jivago é um médico muito humano, com uma visão romântica e inocente do mundo, que também escreve versos de amor. Órfão na infância, ele é criado pelos tios até se tornar doutor e casar com a prima Tonya.
Como nos épicos, a mulher espera anos pela volta do marido da guerra. Mas essa não é uma garota boazinha sem graça! A esposa de Jivago é fofa, elegante e batalhadora. E ele a ama de verdade.
Como nos romances, há um triângulo. A terceira ponta é Lara, uma jovem linda e loura, casada com um esquerdista, que acaba perdendo o parceiro para o fanatismo político. Os caminhos de Yuri e da moça se cruzam inúmeras vezes, e a paixão é inevitável. Ela se torna a musa inspiradora de seus poemas.
O pano de fundo é a Primeira Guerra Mundial e a revolução socialista. Jivago é contra as condições sociais da Rússia czarista, mas também não concorda com o massacre comandado pelos bolcheviques.
“Doutor Jivago” é a constatação de que até o mais ético e nobre pode cair em ciladas do coração e do destino. É a luta de um homem para preservar sua humanidade, suas paixões e sentimentos numa época em que se acreditava ser um delito ter vida privada e desejos pessoais.
O filme vale pelos olhos permanentemente brilhantes e emocionados de Omar Shariff, que interpreta o papel-título. Pela eterna Lara de Julie Christie. Pelo palácio de gelo onde vão morar e pelas maravilhosas paisagens nevadas da Finlândia (por razões óbvias, as cenas não puderam ser rodadas na URSS).
“Doutor Jivago” é um filme das antigas, um romance como já não se faz mais (minha cena preferida é a penúltima, quando Jivago está no bonde, vê Lara caminhando na rua e sai atrás dela).
Ótima pedida para uma noite solitária ou uma tarde de domingo. Mas faça como eu, assista munido de lenços de papel!

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5 Comments:

Blogger Paulo C. said...

A canção desse filme, Tema de Lara tocou tanto, mas tanto, e em tantas versões (só faltou a versão "heavy metal", que ainda não ouvi, mas a pagodeira, já...) que não agüento mais escutar até hoje, 40 anos depois. Na época, era um garoto e não me interessei pelo filme. Hoje, temo que não consiga vê-lo, por causa da aversão à música.
Algo semelhante ao que ocorreu com o protagonista Alex de Laranja Mecânica (Stanley Kubrick, 1971), que não podia mais ouvir a Nona Sinfonia de Beethoven - música que adorava - sem experimentar náuseas terríveis, após ser submetido à "terapia da aversão", pelo método Ludovico.

2:43 AM  
Anonymous Anonymous said...

Querida... só vc mesmo para lembrar desse lindo e inesquecível filme... e , como vc, eu também assisto munida de um estoque de lenços de papel... é absolutamente necessário! beijos e saudades...

11:26 AM  
Anonymous Anonymous said...

Também acho Scarlett O´Hara muito chatinha. Aliás, nunca consegui assistir o filme inteiro.
Já quis por muitas vezes ser meio Lara. Mesmo eu não achando o Omar Sharif um homem bonito. Ah, ele é o tipo "charmosão" (este adjetivo foi horrível)

8:05 PM  
Anonymous Anonymous said...

Vou assistir devidamente munida de lenços. Aliás, se você gosta e lençõs, vá ver Elza e Fred (argentino, claro). Lindo!

11:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

Permitem que faça, tal qual o Reth Buttler quando entra na guerra, um esforço "fora de hora", "heróico" pra defender a Scarlett? Olhe, aquela cena dela apertando a terra de Tara nas mãos e jurando: "Eu nunca mais..." Lembram? Haja lenço de papel, de pano...Tanta coisa que ela faz, a alteração de sua personalidade. Pergunto por que voces a consideram "chatinha". Até o deflagrar da guerra, concordo, mas, e depois? Lembram dela com os feridos em Atlanta?
No mais, queria compartilhar com voces uma informação que eu não tinha. Não li "E o Vento Levou", falaram-me que o livro (anterior ao filme) tem um tanto de coisas que daí revira o filme inteiro. Por exemplo, o Ashley, a Melanie, eram adeptos e fundadores da Ku Klux Klan, dá pra imaginar?
Ótimo fim de semana pra todas e pra todos.
PS: Não tenho curso de cinema, só olhos e emoção de espectador. A cena da Scarlett subindo a escadaria quando chega a notícia de que começou a guerra é uma das mais belas do Cinema, reparem.

12:19 PM  

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