No Pelourinho
Chovia e a ladeira estava escorregadia. As havaianas derrapavam nas pedras lisas da descida pro largo. A saia grudava nas ancas e as gotas deslizavam fartas pelos braços e pernas. O cabelo eriçava.
Corria. E não só ela. Todos buscavam um boteco, uma janela aberta, um televisor. O Brasil ia jogar.
Parou no degrau da casa azul na subida para a Sé. À porta, esticou o pescoço. E acabou puxada pra dentro pelo grupo de anônimos barulhentos, sorridentes. Na sala humilde, entre copos de cerveja, bandeiras verde-amarelas e urros animados, era bem-vinda. Aliviada, encostou na parede, com a retina grudada na tevê.
Ainda no primeiro tempo, descobriu-se observada por um par de olhos negros. Arrepios lhe percorriam a espinha a cada lance na área e a cada olhar de soslaio daquele desconhecido.
Foi depois do intervalo que o grito estourou. Gooooooooooooool!
Vibrou, pulou. E o encarou pela primeira vez. Quadrado mágico mesmo acontecia ali, entre quatro pupilas. O resto foi vertigem. A puxada com força, as línguas enganchadas, a mistura de chuva, suor e cerveja. Cornetas, apitos e reco-recos, de repente, pareciam distantes. Perdia o replay, mas comemorava o gol com um beijo. Um puta beijo. Um hexa-beijo.
5 Comments:
Voltou em grande estilo. Amei seu quadrado mágico!!!!
Eu quero um quadrado mágico também!!!!!!!srsrsrsrs
Que bom que está de volta!
Beijos
Salvador é uma cidade fantástica. O autor do hexa-beijo era baiano?
Baianos são bons nisso ;-)
Amei!!!
Ando deprimida com essa Copa, longe da terrinha...
Beijos, beijos e beijos!!!
Consegui até sentir os pingos d'água nas minhas costas...
:-)
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