Le Bal Masqué

Masquerade! Every face a different shade...

Wednesday, July 05, 2006

Ipês

No caminho pro trabalho, tenho reparado, aqui e ali, em grandes árvores cobertas de cor-de-rosa. São encantadoras porque quebram o inverno, colorem a cidade cinza e entapetam o asfalto.
Não sou entendida da fauna e da flora. Sou indiferente a bichos e só sei o nome das flores mais básicas. Mas essas árvores urbanas, eu conheço! São ipês. Florescem no frio e são as árvores-símbolo do Brasil.
Quando eu era pequena, nas idas pra escola, natação, casa da avó, minha mãe, sempre criativa na arte de entreter três crianças no banco de trás, inventou um jogo: contar os ipês floridos do trajeto. Os amarelos marcavam pontos para mim. Os roxos, para o meu irmão do meio. E os rosas, para a nossa caçula.
Meu irmão sempre ganhava. A pracinha ao lado de casa era contornada por ipês-roxos. Dois ou três amarelos, bastante imponentes, sempre apareciam e me deixavam quase em pé de igualdade. Mas a minha irmã, invariavelmente, ficava em último lugar na competição.

Nossos percursos mudaram. E esta manhã, se fossemos brincar, ela teria, finalmente, vencido.
Os caminhos seguiram. E assim como ganhou flores, minha irmã também ganhou frutos.
Tantas estações passaram. Mas apesar das diferentes paisagens vistas pela janela do meu carro, dos novos destinos das minhas idas e vindas, continuo reparando nos ipês perdidos entre postes, semáforos e edifícios.
E quando dou de cara com um deles repleto de pétalas amarelas, sorrio e penso: ponto pra mim!

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2 Comments:

Blogger jardinière said...

que lindo, marina. tão sensível a sua percepção e a sua capacidade para fazer as ligações entre a memória, os afetos... adorei.

3:01 AM  
Anonymous Anonymous said...

Adorei o do Ipê, assim como o do Pedro... tenho muito orgulho de você. Te Amo!

11:45 AM  

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