Le Bal Masqué

Masquerade! Every face a different shade...

Saturday, October 21, 2006

Pacote Exotique

A menina olhou o verso do cartão-postal: “Learn Spanish in Paradise”, anunciava. E voltou novamente a mirar a fotografia, o pôr-do-sol que contornava as ruínas arqueológicas de Monte Albán.
Estava decidido o destino de suas férias.
Embarcou num vôo Nova York – Cidade do México. Olhando pela janela do avião, pensou como seria difícil para uma garota mexicana, de idade equivalente e igualmente sozinha, fazer o caminho inverso. A quilometragem era a mesma, mas a distância, tão maior...
Chegando ao paraíso, cujo nome era Oaxaca de Juarez, a menina ficou alucinada com a profusão de cores, sabores e sons. Quando já arriscava algo além de “buenas noches”, saiu para dançar a cumbia.
Experimentava, em meio a caretas, goles de mezcal, quando um indiozinho oaxaqueño lhe chamou para ser seu par.
Ao som da sanfona, bailaram até o amanhecer. As pupilas escuras dele nadaram no azul-piscina dos olhos dela. A pele bronzeada tocou suas sardas. E os fios negros lustrosos se confundiram com seus cachos loiros.
Durante o resto do verão, se encontraram diariamente no zócalo. O indiozinho contou que fazia violinos e era descendente dos zapotecas. A menina falou da vida em Manhattan e dos seus sonhos secretos. No coreto da praça, trocaram juras adolescentes.
Quando setembro chegou, a menina voltou para a outra América. Durante todo o outono, o indiozinho tentou inutilmente cruzar a fronteira. A quilometragem era a mesma, mas a distância, tão maior...

Labels: ,

7 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Marina,
Belo texto. Senti sua ausência.
Bj.

7:29 PM  
Blogger Paulo C. said...

Má... Que lindo... Texto tocante, limpo, poético, diz tanto com tão pouco. O uso destes termos regionais (cumbia, mezcal, zócalo) cria uma atmosfera... Uma coisa meio como faz o Guimarães Rosa (guardadas as proporções, né Má...). Quero dizer que, mesmo sem explicar os significados explicitamente, você - com o uso destes regionalismos - nos transporta para um ambiente "indígena mexicano", entende? Achei o máximo.
E, por último, "As pupilas escuras dele nadaram no azul-piscina dos olhos dela." é lindo, lindo...

8:19 PM  
Anonymous Anonymous said...

Lindo texto.

Como nao sou muito eloquente para fazer comentarios, vou comentar com uma foto (que nao e minha) que encontrei no flickr.

http://www.flickr.com/photos/nicointhebming a pre-surgery bowel prep on myself, cleaning out/organizing my closets is one of my least favorite activities. When I moved into this house last November

11:01 PM  
Anonymous Anonymous said...

Lindo texto.

Como nao sou muito eloquente para fazer comentarios, vou comentar com uma foto (que nao e minha) que encontrei no flickr.

http://www.flickr.com/photos/nicointhebus/200678142/

Guilherme

11:01 PM  
Blogger Edu said...

Olá Marina,

Vim ao teu blogg através do brilhante Paulo. Fiquei encantando com teus textos. Não conseguia parar de ler. Só queria deixar aqui meu alô. Sou bloggeiro iniciante e curioso. =]

Tendo tempo, passa lá pra tomar um café. rss

Edu

4:31 AM  
Blogger Andréa said...

Que lindo! Triste e lindo. Poetico, mesmo.
Um beijo.

2:28 PM  
Anonymous Anonymous said...

Como nunca sei qdo terá atualizações, fazia tempo que não passava por aqui. Belo texto, só para variar...

12:54 AM  

Post a Comment

<< Home

<