Le Bal Masqué

Masquerade! Every face a different shade...

Monday, June 25, 2007

Ex

“A grande diferença entre seu ex e seu atual namorado é que o ex é para sempre.” Sem rigores, essa é a fala de um filme espanhol que vi há algum tempo e do qual me lembro quase nada.
Mas recordo da frase, porque a achei verdadeira. Uma vez ex, sempre ex -- mesmo se um dia houver uma recaída, mesmo se passarem 30, 40, 50 anos e outros relacionamentos se acumularem.
Portanto, se o ex é um personagem inevitável e permanente em nossas vidas, por que lidamos tão mal com eles?
Claro que existem paixões mal resolvidas, ou aquelas que causaram uma dor tamanha (por traição, falta de respeito, violência – física ou psicológica, etc.) que é mais saudável tirar a idéia daquele período de perto da gente.
Mas quando se viveu uma história bacana que terminou porque simplesmente houve um começo e um meio, e o fim foi conseqüência – e agora já se está em outra --, por que se esconder atrás da gôndola do supermercado ou atravessar a rua quando vê o outro na calçada? Por que ficar constrangido quando o nome dele/a é mencionado na roda?
Um dia aquele cara/garota foi seu(a) melhor amigo(a), confidente, companheiro(a). Estava ao seu lado na sua formatura e enquanto você aprendia a dirigir. Foi testemunha da compra do seu primeiro carro, da sua primeira viagem a Paris. Ficou te ouvindo chorar noites adentro quando seus pais se separaram e estourou champagne quando você conseguiu aquele empregão. Vocês riram, viajaram, passaram por perrengues juntos. Ele(a) era uma das cinco pessoas que você teria levado para um abrigo subterrâneo caso eclodisse a 3ª Guerra Mundial. Por que, me diga, fingir que aquele é apenas um rosto vagamente conhecido? Alguém que se deve evitar encontrar e conversar a todo custo?
Recentemente fui a um casamento. O ex da noiva era o DJ da festa. No alto da comemoração, saiu detrás das pick-ups e foi pular abraçado com os noivos, no meio da pista.
Também conheço um bebê cujo berço e todos os móveis Babylândia foram dados pelo antigo namorado da mãe. O pai da criança adorou o presente.
Há ainda o caso da atual mulher que empregou a primeira esposa do marido, viraram colegas de trabalho e amigas – tinham tanta coisa em comum!
Histórias assim são raras. Os envolvidos talvez tenham percebido que aquele ciúme que se esperava que eles sentissem, simplesmente não existia e não tinha por que existir.
Há quem alegue o tal “sentimento de posse” dos amores passados. Isso é normal, mas é como ciúme de irmão. A gente sente, sabe que é besteira, então, suprime. Afinal, não somos crianças mimadas. Ou somos?

Labels:

19 Comments:

Blogger Andréa said...

Eu acho que dá pra ser amigão de ex. Alguns "ex" meus não quiseram e eu respeitei- tem isso, também. Quando mudei pra cá fiz amizades excelentes com duas "ex" do meu marido. Elas hoje são até mais minhas amigas do que dele, he. Acredito nisso e tenho fé. Acho que a mulherada tem a maior dificuldade porque são muito competitivas. Eu sou ciumenta, mas acho que não tem nada a ver com ser amiga de ex e amiga da atual do ex, ou amiga da ex do atual, etc. Nossa, embananei, agora! Mas vc entendeu, né?! Acho que ciúme não impede amizades. Ciúme é outro papo. Insegurança é mais o problema das pessoas não conseguirem mais se relacionar quando acaba o romance. Eu acho.

11:15 PM  
Anonymous Anonymous said...

Talvez sejamos, mas acho que muitos relacionamentos são baseados na conveniência momentânea ou no projeto de que dure para sempre.

Quando maiores problemas surgem, os que estão juntos pela conveniência se separam pela falta de companheirismo e falta de companheirismo sempre está na ordem do dia para criticar o outro, ainda mais em um relacionamento efêmero.

Quando um relacionamento "para sempre" termina sempre há motivos para criticar o outro pq parece que foi inutil, pq seu principal (e às vezes único) onjetivo deu errado.

E finalmente, existe aquele famoso caso em que um está pelo primeiro motivo e o outro pelo segundo, estes sim causam magoas e morte (física ou psicológica). É só ver como frequentemente as meninas vêm vitória em marcar o casamento enquanto os meninos vêm vitória em adiá-lo.

Eu acho que os exemplos de ex que se dão bem são raros, pela falta de objetivos em comum que havia no durante e não no pós na maioria dos relacionamentos.

12:10 PM  
Anonymous Anonymous said...

Excelente texto! Tenho uma amiga que o ex se descobriu gay, e cantou no casamento dela. Tem uma foto sensacional dela com o ex e o marido, dando um beijo triplo. Adoro pessoas civilizadas. Mas há terminos de relacionamentos que esta "modernidade" é quase impossível. Eu tive um ex affair-ficante-namorado que virou meu melhor amigo!

4:40 PM  
Anonymous Anonymous said...

Um dos episódios mais tocantes de "Sex and the city" foi um que falava sobre a difícil relação com o ex. O nome do episódio: "Ex and the city". Muito bom.

12:35 AM  
Blogger Marcos Bonilha said...

Muito bom Má!
Não sei explicar porque isso ocorre, mas para os homens é mais difícil conviver com a figura da ex como amiga. No meu caso, ainda não sofri com esses problemas, mas vendo a experiência de amigos, só um ou dois se encaixam no contexto do texto.
Se não houve mágoas, é possível manter a amizade sim, mas vai falar isso para o coração de cada um...
Parabéns mais uma vez.

11:42 AM  
Blogger Creco said...

Achei interessantíssimo o seu ponto de vista. E o texto, muito bem escrito.
Todos nós passamos por isso. Enfim, ex é ex. Acho que é igual tatuagem. Mesmo tirando a laser, fica uma marquinha.

Um beijo do Creco.

2:48 PM  
Blogger Don Rodrigone said...

Pra variar, mais um ótimo texto! Adorei essa deliciosa análise... me fez pensar um bocado! criaturas estranhas esses seres humanos, não?

3:04 PM  
Blogger Mari Veltri said...

Há "Ex" muuuito especial, que a energia é sempre presente. Quando os olhares se cruzam... é fatídico... ou esquecemos o cenário por trás e vivemos o que aflorou ou ficamos estáticos no turbilhão visível em nossos corpos e seguimos calados, mas com o silêncio interior gritando desejos...
Ex que é Ex... É!
Te gosto muito Amiga!!

3:15 PM  
Anonymous Anonymous said...

Existem ex e ex, existem amigos e amigos, existem parentes e parentes, existem colegas de tabalho e colegas de trabalho, existem amores e amores, e por aí vai. Não dá pra generalizar as relações com todos os ex como não dá pra generalizar as relações com qualquer ser humano, seja de qual "categoria" ele for... Há ex que te acrescentam, há ex que não fazem mais diferença, apesar do carinho poder, claro, existir para sempre. Não manter contato, às vezes, só indica que a pessoa é passado, não que você a esqueceu ou despreza o quanto ela já foi importante na sua vida --isso NADA do mundo apaga!

Acho que o segredo é: ser natural e verdadeiro. Se a pessoa "foi", não tem porque forçar uma amizade. Se a pessoa "é", não tem porque fingir que ela não existe. OU seja: ser amigo ou não de ex não quer dizer nada 'especial', apenas que a pessoa faz ou não parte da sua vida.

De qualquer forma, um texto como esse, cheio de emoção, sempre toca.
bjs!! (ufa, escrevi demais...)

6:32 PM  
Anonymous Anonymous said...

Perfeito esse texto, querida. Você simplesmente registrou a conclusão de várias de nossas conversas. Certamente, não somos (ou não devemos nos portar) como crianças mimadas. Grande beijo!

7:32 PM  
Blogger F. said...

Fugas de calçadas, barricadas de gôndolas e constrangimentos em rodas de amigos só surgem quando o a história acabou mal. E acabar mal, geralmente, significa acabar apenas para um dos lados. Daí surge aquele sentimento de dívida, o medo da cobrança... Quem gosta de se sentir responsável pela felicidade (ou pela tristeza) justamente de alguém que já foi tão importante?

12:23 AM  
Anonymous Anonymous said...

Ferdi, concordo em gênero, número e grau. Letra por letra.
:-)

2:17 PM  
Blogger Marina said...

Ehehehe, eu sabia que esse post ia gerar vários comentários e opiniões!

2:20 PM  
Anonymous Anonymous said...

eu gosto de todas minhas ex e espero que elas gostem de mim - nao como amigo, que fique bem claro. tenho ciumes tb. alias, que papo é esse de terminar bem?

5:58 PM  
Anonymous Anonymous said...

Eu preciso alcançar seu estágio de evolução. Na teoria eu concordo totalmente. Mas há certas ex que são intocáveis.

3:59 PM  
Anonymous Anonymous said...

Apoiada! Mas, infelizmente, não depende só da gente, o ex tem que querer tbm partilhar do desejo do amor se transformar em amizade. Eu pelo menos não tenho dificuldade nenhuma de me tornar amigas dos meus ex desde que eles tbm se sintam a vontade em fazê-lo.
Bjocas e adoro o seu blog

1:47 PM  
Anonymous Anonymous said...

Jonas, essa frase só podia ser sua. "Eu gosto de todas as minhas ex" é a declaração do homem que quer abraçar o mundo!! rs
bj e saudade

5:48 PM  
Blogger André Debevc said...

Pior do que ver um amor mudar e se tornar outra coisa é ver um amor se tornar nada.
Existe uma arte em ser ex. É algo que se aprende, quando você entende que virar páginas é necessário. Rasgá-las não. :-)
André

3:59 PM  
Anonymous Anonymous said...

Espero que o amor de um dos meus ex ainda tenha se tornado... amor eterno.
Virei muitas páginas na minha vida, porém as mais especiais ficam com marcadores.

1:42 PM  

Post a Comment

<< Home

<