Le Bal Masqué

Masquerade! Every face a different shade...

Saturday, September 01, 2007

Balança? Mas não caio

Quem me conhece sabe que estou mais para uma pintura renascentista do que para um editorial de Vogue.
É o preço que pago pela minha genética, meu prazer diante de uma pizza margherita e minha total falta de disciplina.
Cresci vendo minha mãe fazer dietas mirabolantes, minha tia reclamar da balança, minha prima tomar bola para perder peso. Já a minha vó, minha querida vovó Nise, era a gordinha mais linda do mundo, e dizia que tudo isso era bobagem, normalmente, enquanto me servia uma fatia de um pão-de-ló recém-tirado do forno.
Houve um tempo que desejei ser magra. Hoje, mais do que me aceitar, gosto de ser assim: braços e coxas roliços, manequim variando entre 42 e 44, rosto redondo, barriga saliente.
Bem, a barriga eu não sentiria falta se desaparecesse.
Mas o que quero dizer é que me assumo como uma mulher grande, com aparência e jeito de “donna napoletana”.
Claro que não faço apologia à gordura, acredito que o importante é ser saudável e se isso significa fazer exercício físico, comer moderadamente e controlar a compulsão por doces, tentarei sempre seguir essa orientação.
Mas, como muito se fala por aí, não me rendo a tal ditadura da beleza imposta pela mídia. Sei que esse assunto é batido, mas é exatamente por isso que toco nele.
Na minha adolescência, sofri por querer ter um corpo que não combinava comigo nem com a minha estrutura, mas o motivo não era as atrizes elegantes e modelos esqueléticas. Essas mulheres sempre estiveram num mundo distante do meu.
O que humilha é o preconceito que existe ao redor, muito perto de nós. Muitas vezes, está na nossa casa. E também no mercado de trabalho (ouvi casos de empresas que evitam contratar obesos), nas lojas do shopping (que não fabricam calças acima de 42 porque não querem “gordas” usando as suas marcas), e até na construção civil.
É só pelo pavor de ouvir um pedreiro gritar “Fiuuu, fiuuuu, gordinha!” que revejo minha convicção de não ligar tanto para as razões estéticas.

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10 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sensacional.

4:08 AM  
Anonymous Anonymous said...

Prezada M,

Trabalho na produção da exposição Blooks, organizada pela Aeroplano Editora, com curadoria da Heloisa Buarque de Hollanda, Bruna Beber e Omar Salomão. A exposição será realizada no Oi Futuro, Rio de Janeiro, a partir do dia 10 de setembro.
Gostaria do seu e-mail para enviar um convite e solicitar uma autorização para utilizarmos um texto na exposição.
desde já, muito obrigado pela atenção.
Atenciosamente,
Arthur Moura


Produção Contemporânea
Automatica
Av. Pasteur, 403/501
22290-240 Rio de Janeiro RJ Brasil
TF + 55 (21) 2275.1511
arthur@automatica.art.br
www.automatica.art.br

10:36 AM  
Anonymous Anonymous said...

Sou totalmente a favor da beleza com formas mais arredondadas!

1:59 PM  
Anonymous Anonymous said...

Ai, eu concordo beeem com você, mas ainda não sou evoluída a sentir tal desapego...

4:44 PM  
Blogger Marcos Bonilha said...

Má, te propus um MEME, depois passa lá e vê o que acha.
beijos

6:59 PM  
Anonymous Anonymous said...

O final do texto foi o melhor de tudo. Afinal, qual mulher não teme o teor dos comentários dos profissionais da construção?

9:46 PM  
Blogger Don Rodrigone said...

Brilhante, M. Texto precioso como você, minha cara.

3:24 PM  
Blogger André Debevc said...

No dia em que estivermos 100% satisfeitos com nós mesmos, estaremos mortos.
Mais um belo texto, Má. beijo!
André

4:15 PM  
Anonymous Anonymous said...

Duas semanas sem atualizar? Mas que cara de pau, hein? rs

2:49 AM  
Blogger Marina said...

Sorry, Rodrigo, Le Bal Masqué está de ferias. Ando muito ocupada curtindo as montanhas da Patagonia Argentina...rsrsrs
beijos.

10:35 AM  

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